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quinta-feira, maio 07, 2009

Indústria corticeira: A "Nanocork" dá novo sabor ao vinho

Com o objectivo de melhorar o vinho e retardar o processo de evolução, foi criada uma nova rolha, a "Nanocork".

Abrandar o processo de evolução do vinho de uma forma menos agressiva do que as tampas de rosca. Esta é a característica que distingue a "Nanocork" das restantes rolhas tradicionais. Desenvolvida pela empresa Álvaro Coelho e Irmãos SA, a nova rolha conjuga a base de cortiça com um revestimento em fibra.

"Esta nova rolha não deixa evoluir o vinho porque não cede oxigénio nenhum ao vinho e não tem aromas reduzidos. É a grande vantagem. É uma rolha que não existia na área da cortiça porque a rolha de cortiça natural dá sempre alguma evolução ao vinho", explica Leal Ferreira, director técnico da empresa ligada à indústria corticeira.

Uma indústria que resiste à crise

A produção de cortiça é uma das actividades com maior relevância em Portugal e corresponde a um dos mais importantes produtos de exportação nacional. O próprio Ministro da Economia, Manuel Pinho, admite que hoje "a indústria corticeira não tem nada a ver com o que era há cinco ou dez anos". Para Leal Ferreira, o factor que ajuda a indústria a "fugir" à crise é "o facto da cortiça ser um produto que se utiliza em todo o mundo, todos os países fazem vinho e, portanto, é um mercado muito vasto", explica. O objectivo é evitar os problemas adjacentes às cápsulas metálicas, cada vez mais utilizadas no mercado. Para Leal Ferreira, "as tampas metálicas vieram ocupar um lugar para o qual a rolha não estava muito preparada" e, uma vez que "tem havido um aumento muito grande do consumo dessas cápsulas, estão a aparecer muitos problemas e a cortiça não tinha uma resposta de um produto". Até agora. "Este produto foi desenvolvido para, dentro de um preço competitivo, pode manter o vinho e melhorá-lo", justifica o director técnico.

Numa indústria vinícola "muito tradicional", Leal Ferreira acredita que, "para se colocar no mercado um produto destes, é preciso experimentá-lo". Por isso, só à medida que os clientes forem experimentando as garrafas com as novas rolhas, é que se "vai provar" se este é um produto de sucesso.

Antes da divulgação, a "Nanocork" passou por uma fase de testes, que decorreu ao longo de dois anos. "Decidimos fazer um ensaio destas rolhas juntamente com as rolhas naturais sem qualquer película redutora e também com as rolhas sintéticas e roscas metálicas. Os testes começaram em Maio de 2007. Até agora os resultados desta rolha são manifestamente superiores", revela Leal Ferreira.

Do ponto de vista químico, os estudos mostraram que a "Nanocork" é muito semelhante à rolha natural. Contudo, o vinho fica menos evoluído, os aromas mantêm-se frescos e sem aromas reduzidos. O estudo vai estar disponível no site da "Nanocork".

sábado, maio 02, 2009

Sete mil lutam pelas denominações de origem

Petição junta EUA e Europa na protecção do nome local dos vinhos

Os EUA, que a Europa tanto criticou por usurpar nomes locais dos vinhos, como o do Porto, estão agora unidos aos europeus na defesa das denominações de origem, através de uma petição já com sete mil assinaturas.

Está disponível na Internet uma petição destinada a proteger o local e origem do vinho, para evitar o uso indevido das denominações associadas a um espaço geográfico em vinhos que nada têm a ver as origens exibidas nos rótulos (www.protectplace.com).

Doze regiões - seis europeias (uma portuguesa), cinco norte-americanas e uma australiana - uniram-se e desafiam a população em geral a subscrever e a defender as originalidades locais dos seus vinhos. A ambição é chegar às 10 mil assinaturas.

No caso de Portugal, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) aliou-se à campanha, tal como fez a região francesa de Champagne, a espanhola de Jerez ou a italiana de Chianti.

Novidade são as regiões norte-americanas, como a de Napa Valley, que "começa a sentir os efeitos de utilizações abusivas do seu nome geográfico", explicou ao JN Luciano Vilhena Pereira, presidente do IVDP.

Um "California Port" ou um "California Champagne" arrepia qualquer europeu, mas é um recurso legal nos EUA, apesar de induzir em erro o consumidor, "levando-o a comprar um produto que não é original, contribuindo para a sua confusão e degradação, ou diluição da imagem de marca colectiva em causa", explica Vilhena Pereira.

Com a actual petição, os seus promotores querem que os consumidores norte-americanos tenham acesso a uma informação fidedigna nos rótulos dos seus vinhos e sensibilizá-los para a "veracidade" dos nomes que estão nos rótulo, bem como alertar o legislador americano para o problema, até que os nomes dos vinhos europeus sejam, um dia, usados apenas em vinhos provenientes das respectivas regiões europeias.

O conceito de denominação de origem é europeu e demorou três séculos a ser construído. Em Portugal, há 29 denominações. Vinho do Porto, por exemplo, só o é aquele que é produzido na Região Demarcada do Douro e que tenha as características determinadas pelo IVDP, atestadas com um selo de garantia.