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quinta-feira, dezembro 17, 2009

Como combinar os vinhos com o sabor dos pratos natalinos

Presentes em ocasiões especiais, os vinhos costumam ser ótimos acompanhamentos para os mais variados pratos, já que têm o poder de realçar o sabor dos alimentos.
E durante as festas natalinas, uma preocupação que não pode faltar é a escolha do vinho certo para acompanhar os quitutes típicos da data. Mas como fazer essa combinação? A seguir, oferecemos algumas dicas de especialistas que podem lhe ajudar. Confira!

Peru e Chester - Para acompanhar aves do grupo de carne macia e delicada, a sugestão são os tintos de médio corpo ou brancos bem encorpados. Para ocasiões mais festivas como o Natal, a recomendação é servir algo especial, como um Borgonha branco ou um Bordeaux tinto.

Tender - Um dos mais tradicionais na mesa de Natal, o tender é um prato saboroso e defumado, geralmente acompanhado de um molho doce. Por isso, pede um tinto leve.

Panetone - Tanto para os bolos com frutas cristalizadas e uvas-passas quanto para aqueles com gotas de chocolate, a melhor opção são os vinhos delicados e levemente doces.

Frutas Secas - Também de consumo obrigatória nas festas de fim de ano, as frutas secas como uvas passas, damascos ou castanhas são muito nutritivas. E ficam ainda mais deliciosas quando combinadas ao término do jantar com um vinho madeira doce ou branco doce.
Publicado em Homens Modernos

terça-feira, dezembro 08, 2009

Restaurante parisiense La Tour d'Argent leiloa vinhos raros

O restaurante parisiense La Tour d'Argent colocou à venda na segunda-feira 18 mil garrafas de vinho de sua imensa adega, uma oportunidade rara de adquirir tesouros de uma das melhores coleções do mundo. É a primeira vez nos 427 anos de história do restaurante que ele abre mão de alguns dos vinhos, champanhes e destilados cuidadosamente selecionados por gerações de sommeliers para agradar aos paladares de convidados que vão de monarcas a estrelas de cinema.
"Algumas pessoas talvez comprem para colecionar, mas espero que muitas comprem apenas para desfrutar o vinho", disse David Ridgway, sommelier chefe do Tour d'Argent há 28 anos, em entrevista concedida à Reuters antes do leilão. O restaurante à margem do rio Sena, que proporciona a seus convidados uma visão belíssima da catedral de Notre Dame, espera levantar pelo menos 1 milhão de euros (1,5 milhão de dólares) com o leilão, dinheiro que pretende gastar com projetos de renovação e a aquisição de novos vinhos.

É uma estimativa muito aproximada, já que algumas das garrafas oferecidas são tão raras que ninguém sabe quanto podem render. Os itens mais antigos disponíveis são três garrafas do conhaque Clos du Griffier de 1788, cujo lance inicial é 2.500 euros cada. Mas a maioria das garrafas à venda é muito mais recente, e algumas terão preços iniciais de apenas 10 euros.

SABOR DE HISTÓRIA O leilão vai abranger apenas uma pequena parte da imensa coleção de vinhos armazenados num labirinto de corredores escuros e estreitos sob o restaurante. A adega é repleta do chão até o teto com cerca de 450 mil garrafas de vinhos tintos e brancos, champanhes e destilados. O proprietário do Tour d'Argent, Andre Terrail, fez questão de observar que o restaurante não quer se desfazer de nenhum vinho específico. A adega vai continuar com garrafas de todos os vinhos que estão sendo postos à venda. "Não são garrafas que não queremos mais - muito pelo contrário", disse ele à Reuters. "Temos muito orgulho de todas as garrafas que vamos vender. É apenas uma maneira de ajustar nosso estoque e criar espaço para enriquecer nossa coleção com novas safras. Não faz sentido guardarmos 48 ou 60 garrafas de um mesmo vinho, quando poderíamos guardar apenas seis, 12 ou 18".

La Tour d'Argent fascina as pessoas não apenas por seu prato mais famoso, o pato prensado servido em seu próprio sangue, mas também por seu passado cheio de história e lista de frequentadores célebres, desde o falecido presidente norte-americano John Kennedy até o jogador de futebol Ronaldo. Fundado em 1582, o restaurante foi frequentado por sucessivos reis franceses e saqueado durante a Revolução. Nos anos 1800 passou para o controle do chef pessoal de Napoleão, antes de ser adquirido pela família Terrail em 1911. Em incidente que ficou famoso, Claude Terrail, o pai do proprietário atual, ergueu paredes fechando a adega durante a 2a Guerra Mundial para não ser obrigado a servir vinhos finos aos ocupantes nazistas de Paris.

O catálogo de vinhos à venda pode ser visto no endereço www.piasa-latourdargent.fr.
Por Estelle Shirbon PARIS (Reuters Life)

segunda-feira, novembro 30, 2009

Degustação de Borgonhas










Com a popularização do vinho no Brasil, as reuniões de amigos apaixonados pela bebida aumentam em progressão geométrica. É uma verdadeira explosão de confrarias. Há de tudo. Só de mulheres, só de vinhos portugueses, até uma dedicada ao ícone chileno Don Melchor.

Eu também tenho lá as minhas. A Confraria dos Nove se reúne mensalmente para degustar às cegas vinhos para a Programa. Freqüento também a confraria do balde seco, em cujas reuniões não sobram taças sobre taças. E, desde agosto, fui convidado a participar de uma agradabilíssima confraria, que também promove encontros mensais, e que nem nome tem. A cada mês, um tema diferente. Já houve Espanha, Rhône, Austrália.

Na última terça-feira, o tema foi a Borgonha. E foi um daqueles almoços que ficam por eras na memória. Além do colunista, participaram do encontro os confrades Alexandre Henriques, António Campos, Jorge Sales, José Crescencio, Paulo Nicolay, Paulo Pinho e Roger Khouri.
Para começar, confusão. A reunião deveria ser no Esplanada Grill. Mas a falta de energia em Ipanema quase adiou o encontro. Muda daqui, ajeita dali, e a farra se mudou, de mala e cuia, para o Laguiole, no MAM. Meio que de improviso, o confrade Paulo Nicolay entrou em contato com o chef Pedro de Artagão e ambos resolveram o menu para harmonizar com os vinhos. Dois craques que sabem tudo, mesmo em cima da hora, não teria como dar errado. E não deu.

A Borgonha é a terra de duas uvas consagradas mundialmente: pinot noir e chardonnay. Mas reduzir a região às castas locais é apequenar demais o lugar. Quanto mais se prova os vinhos da Borgonha, seja branco ou tinto, mais claro que fica que a palavra ali é diversidade. A expressão que a uva consegue em cada particularidade de terreno é ímpar. Não há um borgonha igual ao outro. E, mais uma vez, esta tese foi provada no almoço.

Com a entrada, um ragú de camarões, vinho branco: Puligny-Montrachet la Garenne 2006, de Louis Jadot. Elegante, fresco, preciso. Começo perfeito e excelente porta de entrada do que viria a seguir. E o que veio foi o Volnay 1er Cru Champans 1999, da Domaine Leroy. Macio, complexo, no ponto. Acompanhou o primeiro prato, o nhoque de batata baroa com cogumelos e azeite trufado. Em seguida, ainda com o prato na mesa, veio o Vosne Romanée 1er Cru Les Malconsorts 2006, da Domaine de Montille. Ainda jovem, precisou respirar na mesa para mostrar toda a complexidade que tinha.A farra continuou com um risoto de alcachofra, acompanhado por dois vinhos, devidamente decantados: o Charmes-Chambertin Grand Cru 2005 de Jopseph Drouhin, e o Corton Clos des Meix 2005, um Grand Cru Monopole da Domaine Comte Senard. Dois vinhaços. O prato principal foi uma autêntica reconstrução do tradicional picadinho, muito bem executada pelo chef. Para acompanhar, três espetáculos: o Clos des Lambrays Grand Cru 2001, o Échézeaux Grand Cru 1998 da Domaine des Perdix e o mítico Échézeaux 1997 da Domaine de la Romanée-Conti. O Clos de Lambrays estava deveras evoluído para um vinho de oito anos, com aromas de alcatrão, terra e alcaçuz. Já os dois Échézeaux brigaram cabeça a cabeça pelo posto de melhor da tarde. Se o Domaine des Perdix começou com a preferência da maioria, a medida em que os vinhos foram abrindo, o Échézeaux da Domaine de la Romanée-Conti se impôs.

Mas, preferências de lado, o que importa é o ato de confraternizar. Seja qual for o tema escolhido. Ou mesmo que não se escolha tema algum, apenas o prazer de provar bons vinhos na companhia de amigos que compartilhem o mesmo amor pela bebida. E longa vida às confrarias.
Publicado na coluna de Alexandre Lalas na revista Programa do Jornal do Brasil, em 27/11/2009

quinta-feira, novembro 12, 2009

Aquecimento Global altera mapa de produção de vinhos

Que o aquecimento global, cujo combate dominará a Cimeira de Copenhaga no próximo mês, ameaça o planeta, é um dado adquirido. A subida do nível dos mares, o aumento das temperaturas ou o perigo de extinção de animais como os ursos polares são alguns dos riscos mais citados nos últimos tempos. Mas há muitas outras consequências. A alteração do mapa vinícola é uma delas.

Com efeito, o clima é um factor de extrema importância na produção de vinho, já que influencia o seu principal trunfo, que é o sabor. Se estiver demasiado frio, os bagos das uvas não desenvolverão sabores frutados nem produzirão açúcar suficiente, conferindo um gosto ácido ao vinho, salienta a Reuters. Se, pelo contrário, fizer demasiado calor, a uva produzirá muito açúcar, dando ao vinho um sabor gelatinoso e encorpado.

Acontece que, com o aquecimento global, o mapa internacional do vinho tem vindo a alterar-se, movendo-se mais para Norte. Quem está a beneficiar, por exemplo, são os britânicos, pois as Primaveras e Outonos mais amenos estão revitalizar uma tradição de produção de vinho tinto que tinha morrido há cerca de 600 anos.

“Temos beneficiado do aquecimento global”, comentou à Reuters o gestor da Denbies Vineyard, Chris White, cuja casa vinícola se situa a Sul de Londres. Quem tem vindo a perder são os franceses, tão conhecidos pelos seus vinhos. É o caso das regiões da Borgonha e Alsácia.

“A Alsácia, no Nordeste de França, que costumava produzir vinho tinto muito leve, está agora a produzir vindo mais encorpado”, referiu o mesmo responsável, acrescentando que esse cenário também está a ser observado na Alemanha.

De acordo com um relatório do movimento ecologista Greenpeace, divulgado em Agosto e citando um estudo da Universidade de Borgonha, as melhores latitudes para a produção de vinho poderão mover-se 1.000 quilómetros para Norte no final deste século se nada for feito para travar o aquecimento.

E já está a acontecer, o que levará os produtores de vinho a terem de redesenhar o mapa vinícola internacional. É que as regiões de produção estão a desenvolver características que se encontravam nas zonas mais a Sul.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Vinho tinto só com carne vermelha ?...A ciência explica a causa


Não é só a etiqueta culinária que casa o vinho tinto com a carne vermelha, e não com peixe ou pescados. Recentemente, um grupo japonês descobriu uma explicação científica para isso.

O pesquisador Takayuki Tamura e seus colegas do laboratório de pesquisa de desenvolvimento de produtos da Mercian Corpo (vinícola japonesa) descobriram que os conhecedores de vinho estabeleceram a regra de ouro por causa do choque entre o sabor do vinho e o dos peixes.

Até agora, ninguém poderia prever de forma consistente que os vinhos poderiam desencadear um sabor de peixe, devido à falta de conhecimento a respeito.

Mas Tamura e sua equipe descobriram que um desagradável sabor de peixe, perceptível após beber vinho tinto com peixe, ocorre devido à presença natural de ferro no vinho tinto, considerando também que há vinhos que têm mais ferro do que outros.

“Foi encontrada uma forte correlação positiva entre a intensidade do sabor de peixe e a concentração total de ferro e a de íon ferroso”, disseram os pesquisadores em um relatório.

O estudo, publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry (Jornal de Química Agrícola e Alimentar, em tradução livre) da Sociedade Americana de Química, foi baseado na análise de 38 vinhos tintos comerciais de vários países, 26 vinhos brancos, dois xerezes, e um de cada dos seguintes vinhos: do Porto, Madeira e Botrytized.

Os componentes de todos os vinhos foram analisados e, em seguida, provadores de vinho testaram, então, as bebidas enquanto comiam moluscos.

“Eles descobriram que vinhos com altas quantidades de ferro tiveram um gosto de peixe mais intenso. Esse sabor de peixe, no entanto, diminuiu quando os pesquisadores adicionaram uma substância que se liga ao ferro”, disseram os cientistas.

Eles disseram que as descobertas indicam que o ferro é o fator-chave desse gosto de peixe no casamento entre vinho e frutos do mar, mas isso também quer dizer que vinhos tintos com baixo teor de ferro podem ser um bom acompanhamento para frutos do mar, quebrando um pouco com o que diz a etiqueta. [MSNBC]

terça-feira, outubro 27, 2009

Safra 2009 em Bordeaux promete vinhos excepcionais e caros


Agora é oficial. Após as provas de amostras que a Union des Grans Crus de Bordeaux - entidade que reúne os principais produtores da região - promoveu nesta semana em Londres, os vinhateiros de Bordeaux e a imprensa especializada comemoram a safra 2009 como uma das mais perfeitas da história. As condições climáticas beiraram o ideal, o que inclui longos períodos de seca durante as fases mais importantes de maturação e colheita das uvas. Essa perfeição, todavia, leva a dois desafios. O primeiro, conforme matéria publicada no site da revista britânica Decanter, a vinificação, ou seja, condição de clima ideal, com alto grau de maturação das uvas, facilmente eleva o grau alcoólico da bebida. São esperados vinhos com até 15% de álcool. Isso demanda cuidados especiais nessa etapa para que o excesso de maturação das uvas não esconda sua acidez e o excesso de álcool não cause problemas na sua fermentação, o que poderia gerar vinhos desequilibrados.

Esse é um fato conhecido também dos vinhateiros brasileiros. Guardadas as proporções, pois Brasil não é França e nem Vale dos Vinhedos é Bordeaux, a safra 2005 no Vale também foi anunciada como uma das melhores até então. A surpresa é que alguns exemplares dessa safra apresentam aromas pouco comuns, com uma nota exagerada de silagem e um excesso de maturidade na fruta que chega a ser um pouco enjoativo. Ao menos dois enólogos do Vale dos Vinhedos, que não querem ter seus nomes revelados, apontaram que a qualidade da safra trouxe um produto à cantina que muitas vezes não foi vinificado de forma adequada ¿ principalmente porque em alguns casos sua fermentação teria sido espontânea e precocemente interrompida.

Voltando aos vinhos europeus, o outro desafio estará nas prateleiras. Historicamente, o anúncio de grandes safras vem acompanhado de altos preços para o consumidor final. Quem não se lembra da chegada ao mercado dos Bordeaux da safra 2005? Em junho de 2008, uma caixa de Château Pétrus 2005, por exemplo, chegou a ser negociada por mais de U$ 67 mil, ou algo como U$ 5,6 mil a garrafa. A alta dos preços da safra 2005 já era prevista desde sua compra en primeur (sistema pelo qual se compra o vinho antes de sua chegada ao mercado).

Em artigo para a revista Decanter, em março de 2007, o especialista Steven Spurrier fez uma comparação entre as safras 2004 e 2005, concluindo que a última estava com preços inflados, enquanto a do ano anterior, considerada por ele uma safra de vinhos clássicos, teve seus preços refreados principalmente pela sombra que a fama da safra seguinte lançou sobre ela. Conclusão de Spurrier: os vinhos de 2004 eram uma melhor compra quando levado em conta a relação entre preço e qualidade - a despeito do fato de que muitos do ramo do vinho não veem com bons olhos o uso de expressões que relacionam custo e benefício ou preço e qualidade, para o consumidor final essa é uma relação importante.

O que muitos não previam para a safra 2005 era a crise econômica mundial que estava por vir. Nos 12 meses seguintes ao ápice do preço da caixa de Pétrus 2005, sua cotação já havia despencado quase 30%, caindo ainda mais até setembro de 2009. Mesmo assim, para o consumidor comum ainda não é o que se poderia chamar de uma barganha. Embora negada por muitos, ao que tudo indica o efeito da crise atingiu o mercado dos vinhos que são caçados por colecionadores e pelos que podem dispor de pequenas fortunas por uma garrafa.

O que esperar da safra 2009?


A safra 2009 pode contar uma história diferente. Como exercício especulativo, é bem provável que essa safra chegue ao mercado em um momento de ascensão econômica importante, o que daria margem para maior crescimento antes que uma próxima crise mundial se apresente. Ao contrário de 2005, que chegou ao mercado em um período de prosperidade econômica e festa nas instituições financeiras, para depois ser apanhada pelo revés da crise. Os Bordeaux de 2009 surgem com uma diferente conjunção de fatores que pode novamente alavancar de forma significativa o valor das garrafas, talvez até em patamares mais elevados que os vinhos de 2005. Os principais fatores que conspiram para a alta dos preços são a provável procura pelos vinhos de uma safra privilegiada e a recuperação econômica mundial, que já pode ser sentida no arrefecimento da recessão em muitos países e nos polpudos bônus que já começam a ter sua distribuição anunciada entre altos executivos. Obviamente estes são potenciais clientes dos grandes Châteaux.

É esperar para ver. Mas, aparentemente a boa notícia para os vinicultores pode ser sinal de maiores gastos por garrafa para os aficionados. A regra é simples: a demanda em alta e a abundância financeira elevam os preços. Já aos consumidores comuns, que são maioria, se o preço for proibitivo, o melhor a fazer será optar por comprar outra safra ou mudar de produtor e até mesmo de região vinícola, preferindo vinhos que sejam menos afetados pelas leis de um mercado tão sensível e cheio de humores.

Carlos Alberto Barbosa

Conheça Mario Geisse, referência em espumantes nacionais


A cidade de Pedra Azul, no Espírito Santo, sediou na semana passada o Encontro Internacional do Vinho, em que só participam aqueles que se propõem a pagar R$ 2,5 mil por sete sessões dirigidas por especialista. Dentro desse universo de sofisticação, dois vinhos brasileiros estiveram presentes: um espumante da Cave Geisse (Pinto Bandeira - Bento Gonçalves/RS) e um vinho da Vila Francionni (São Joaquim/SC).

No distrito de Pinto Bandeira, o enólogo chileno Mario Geisse contou que há 30 anos fincou ali suas vinhas e tornou-se referência nacional na produção de espumantes. Por quase quatro horas caminhamos entre vinhedos, provamos vinho base para espumantes, visitamos as caves da propriedade e tentamos acompanhar o ritmo frenético de Mario Geisse. Difícil não sair de sua companhia sem ser afetado pela sua paixão em buscar sempre o melhor, sua disposição em dialogar e estabelecer estratégias para aprimorar sua produção e seu incontrolável vigor em fazer planos e concretizá-los. Dessa conversa foi fácil sair com a clara idéia de que Mario Geisse, seus filhos e equipe não fazem somente espumantes, mas realizam sonhos. Leia a seguir alguns trechos de nossa conversa.

Quando e sob quais circunstâncias o senhor chegou ao Brasil?
Geisse - Eu vim para cá porque a Möet Chandon me contratou para ser responsável pelo projeto da Chandon quando era uma sociedade entre o grupo brasileiro Monteiro Aranha, a Cinzano do Brasil e Möet Chandon da França. Isso foi em janeiro de 1977. Na época, eu tinha 30 anos e já trabalhava no Chile com a família Rabal, que mais tarde seriam sócios do Clos Apalta (Casa La Postolle e Clos Apalta Winery).

Na sua chegada, a idéia já era se fixar na região?
Geisse - Não. Eu pensava em ficar dois ou três anos, mas quando conheci a região decidi comprar uma área para produzir a melhor uva possível. No princípio, eu não pensava em fazer espumantes. Pensava em produzir uvas de alta qualidade e ser um exemplo na produção de uvas vendidas para a Chandon.

E como se deu a mudança de planos e iniciou a produção de espumantes?
Geisse - Um dia, eu resolvi fazer um ensaio e verificar que qualidade de espumante seria possível fazer com essas uvas a partir do método champenoise, que é um método mais artesanal. O resultado foi tão extraordinário que resolvi partir para o meu próprio negócio.

Quais são essas características de solo que tanto o atraiu?
Geisse - Veja, este solo é composto por camadas de argila e rochas em decomposição que dão a mineralidade e as características que queremos em nossos espumantes. Conheço muitos lugares no mundo, mas ao comparar com esse solo, penso que sou um afortunado.

E como o senhor chegou a esse local especificamente?
Geisse - Bem, primeiro um conceito que sempre achei que era fundamental: uva se planta em local certo, que corresponde a ela. Se não é adequado, não se planta uva. Então, nós fizemos um estudo de todo o solo da região e chegamos aqui.

Qual o tamanho da área plantada?
Geisse - Aqui temos 72 hectares no total, 36 nossos e o restante de um vizinho com quem mantemos acordo e plantamos em sua propriedade. Nessa área existem três tipos de solo, mas só plantamos em um deles, que é a parte que garante as características que desejamos para nossos espumantes, como mineralidade. Então, dos 72 hectares somente 24 são plantados. São os melhores 24 hectares da propriedade. Para a elaboração do Cave Geisse só trabalhamos com uvas próprias. Temos um compromisso com esse terroir.

Nesses 24 hectares só se planta Chardonnay e Pinot Noir?
Geisse - Sim, só Chardonnay e Pinot Noir.

Além das características de solo, como é feito o trato dos vinhedos?
Geisse - Só para você ter uma idéia, nós não usamos nenhum produto químico nos vinhedos. Todo tratamento de pragas é feito por Thermal Pest Control (TPC), uma máquina de jato de ar quente que sai a 200 km/h a 130ºC. É o que há de mais moderno no tratamento de uvas.

Bem, os vinhedos são a matéria-prima dos espumantes. É onde tudo começa, não é?
Geisse - Sim e eu dou uma importância fundamental à matéria-prima. O visitante quando chega quer ver as caves, as instalações. Bem, para isso se contrata um arquiteto, uma empresa construtora e se resolve uma vinícola em um ano e meio, dois anos. Construção pode-se fazer em qualquer lugar. Vinhedo tem de ser feito no local correto e de forma adequada. É algo que para mim é o mais importante. Estamos em um local para se fazer espumantes.

Para cada terroir um projeto...
Geisse - Sim, nós agora estamos com o projeto El Sueño. É um projeto em que produzimos o que há de melhor em diferentes partes do mundo. Se dissermos que o melhor lugar do mundo para produzir espumantes é aqui, nessa região, muito bem, já estamos aqui. Agora, estamos produzindo Carmenère no melhor lugar para se produzir essa espécie, no Chile, em uma região onde eu comprei uma área já há algum tempo. Estamos produzindo pequenas quantidades de Carmenère, da forma como achamos que deve ser o espírito. O mesmo nós fazemos com a Malbec, na Argentina, e a Tempranillo, na Espanha. No ano passado, também iniciamos uma pequena coisa na França, em Champagne. São pequenas coisas para agregar e transformar a vinícola em uma verdadeira boutique de vinhos feitos nos melhores lugares do mundo.

Em todas essas regiões o senhor já está produzindo?
Geisse - Sim, mas não estão todos engarrafados. Os Champagnes já estão em processo de autólise (período em que o espumante fica na própria garrafa em contato com as leveduras). Os Malbec argentinos estão engarrafados, mas ainda não passaram tempo suficiente em cave antes de serem comercializados. Os vinhos da uva Carmenère já são comercializados no Brasil (pela importadora Vinhos do Mundo).

Que importância tem esse projeto para o senhor?
Geisse - Capricho de velho (risadas). Capricho familiar. Na verdade, tudo isso faz parte de uma filosofia de procurar fazer sempre o melhor. Não fazer o melhor, não é o meu jeito.

O senhor falou em pequena produção. Em uma boutique de vinhos. Quantas garrafas de Cave Geisse por ano são produzidas?
Geisse - Noventa mil garrafas de Cave Geisse, dependendo da safra.

Há planos para aumento de produção?
Geisse - Não podemos e nem queremos crescer. Somos uma empresa de estabilidade mais do que de crescimento. Temos uma produção de uvas maior do que precisamos. Se você pensar, temos 24 hectares a uma média de nove mil quilos por hectare, o que dá para produzir 150 mil garrafas por ano, mas produzimos algo como 120 mil entre Cave Geisse e Amadeu. Me sinto tão orgulhoso de há trinta anos ter acreditado nessa região. Fiz desse lugar meu segundo país, estou contente de ter escolhido aqui para jogar minha energia e meu capital. Estou contente por duas coisas: primeiro com o sucesso que teve nosso produto. Sempre pensei que aqui se poderia fazer o melhor espumante da América do Sul. Mesmo produzindo na região de Champagne, na França, eu te digo o seguinte: se colocarmos a relação preço/qualidade ele (espumante Cave Geisse) bate muito champagne por aí.
Carlos Alberto Barbosa - Direto de Pinto Bandeira (RS)

terça-feira, outubro 20, 2009

Romanée-Conti amplia área de produção

Por Jacques Trefois, especial para o Estado

Dar notícia sobre a mística Domaine Romanée-Conti, a produtora de vinhos mais famosa do mundo, é sempre fascinante. Ela acaba de fazer um contrato “en fermage” com os Príncipes de Merode, um importante produtor da região de Corton. Essa região é famosa pelo vinho branco Corton Charlemagne.

Trata-se de uma locação das vinhas por prazo longo, geralmente dezoito anos. Cerca de 30% da produção anual fica com o dono das vinhas.
A Romanée-Conti vai trabalhar as vinhas e vinificar os grand crus
-1,19 hectare de Corton-Bressandes, com vinhas de 50 anos
-0,57 hectare de Corton Clos-du-Roi: 35 anos
-0,50 hectare de Corton-Renardes, com vinhas de 53 anos

Por que mencionar a idade das vinhas? A explicação é fácil. Quando perguntei a um grande amigo meu, antigo e fantástico vinificador, como se faz um grande vinho, ele simplesmente respondeu: ”Plantando vinhas velhas”. É que elas sofrem mais com as intempéries, produzem menos uvas, mas de sabor mais concentrado, das quais se extrai um suco com mais matéria, mais açúcar.

As vendas da produção combinada devem começar em 2012. Não duvido que Aubert de Villaine e Henri-Frederic Roch vinificarão vinhos maravilhosos.

Sem dúvida a Domaine de Romanée-Conti é a mais importante da Borgonha (quiçá do mundo), e detém hoje 6 grandes regiões produtoras. Vale recapitular:
-a menor (e melhor) área: 1,81 hectare de Romanée-Conti, (Monópole), com vinhas de 49 anos
-6,06 hectares de La Tache (Monopole), de vinhas de 44 anos
-3,51 hectares de Richebourg, com vinhas de 44 anos
-4,67 hectares de Echezeaux, com vinhas de aproximadamente 36 anos
-3,52 hectares de Grands Echezeaux; vinhas de 35 anos
-5,28 hectares de Romanée Saint-Vivant; vinhas 35 anos

São todos “grand cru” produzindo vinhos tintos.
Dependendo da safra, e usando suas vinhas mais novas de até 10-12 anos, ela também produz um Vosne Romanée 1er cru.
E ainda há os brancos...
-0,67 hectare de Montrachet. Vinhedo de 52 anos produzindo vinho branco
-0,17 hectare de Batart-Montrachet. São as vinhas mais antigas, com média de 75 anos, produzindo vinho branco nunca comercializado. Esse vinho fica na Domaine, e às vezes uma garrafa é aberta para ser degustada e bebida por visitantes.

Tive a oportunidade e a honra quando a visitei, de poder experimentar um par de vezes o Batard Montrachet. É um vinho realmente sublime, completo em todos os sentidos, perfumado, elegante, profundo e longo. Pareceu-me até mais complexo que seu irmão mais importante, o Montrachet. Será que por que são vinhas ainda mais velhas?

sexta-feira, outubro 16, 2009

Alemanha já é o 3º maior importador mundial de vinho brasileiro

Vinho brasileiro conquista consumidor pela curiosidade e vai ganhando espaço no mercado europeu com a campanha "Abra e se abra. Abra sua cabeça, abra um vinho do Brasil" e já tem na Alemanha seu terceiro maior comprador mundial. Com um saca-rolhas verde e amarelo e uma campanha que convida os consumidores a provar novos sabores sem preconceito, os vinhos brasileiros vão conquistando prateleiras no mercado europeu. A Alemanha, que era o 7º maior comprador do país em 2007, chegou à terceira posição este ano, atrás de Rússia e Estados Unidos.

"Na primeira vez que viemos aqui, as pessoas ficaram surpresas por descobrirem que o Brasil produzia vinho. Este ano, a surpresa é por perceberem que temos um padrão de qualidade constante", diz o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Raimundo Paviani. Dos oito vinhos levados para o concurso da Anuga, sete foram premiados. Foram duas medalhas de prata e cinco de bronze.

Altos investimentos em tecnologia e melhoramentos ao longo dos últimos 15 anos deram aos vinhos brasileiros cerca de 1.800 prêmios internacionais. Em 2008, foram produzidos 350 milhões de litros, dos quais 3,74 milhões de litros foram exportados.

A ideia é "abrir a cabeça das pessoas para experimentar os vinhos brasileiros, e a experiência comprova que a aceitação é consequência direta da degustação sem preconceito dos produtos", diz Paviani.

CRESCIMENTO ACELERADO

O volume exportado para a Alemanha no ano passado foi 120% superior a 2007, chegando a 271,1 mil litros. As exportações brasileiras saltaram dos US$ 248,2 mil em 2007 para US$ 450,9 mil em 2008. Este ano, só no primeiro semestre o volume exportado superou os 150 mil litros e atingiu um faturamento de US$ 186,3 mil. A expectativa, segundo Paviani, é fechar 2009 com 300 mil litros vendidos para a Alemanha.

As vinícolas Vinícola Aurora, Boscato, Casa Valduga, Vinícola Irmãos Basso, Miolo e Salton fazem parte do estande coletivo do Projeto Setorial Wines from Brazil na Anuga 2009. Juntas, elas conquistam mercados a passos largos. Em 2002, exportaram US$ 200 mil em todo o mundo. Em 2008, a cifra passou dos US$ 5 milhões.

Paviani explica que a imagem do Brasil no setor é de um país que produz uma grande variedade de vinhos e com preços competitivos. Segundo ele, o vinho brasileiro se diferencia do chileno e do argentino em vários aspectos e é mais caracterizado por ser um vinho mais fresco, frutado, jovem e de menor teor alcoólico.

O Brasil pega carona em uma tendência positiva para o mercado. De acordo com dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), 32% dos vinhos vendidos no mundo são importados. Há dez anos, essa taxa era de apenas 17%. "Como a tendência é de um mercado cada vez mais globalizado, temos que produzir vinhos de padrão internacional para competir até no quintal de casa", destaca Paviani.

FONTE

Deutsche Welle
Autora: Francis França
Revisão: Rodrigo Rimon

quinta-feira, outubro 15, 2009

Australiano Knappstein Hand Picked é a dica do dia


Knappstein Hand Picked Riesling 2007 (Knappstein)
Região: Clare Valley (Austrália)

A região de Clare Valley, na Austrália, tem originado vinhos da uva Riesling muito interessantes. O Hand Picked da Knappstein é elegante, com boa presença na boca e no olfato. De coloração palha esverdeada, apresenta aromas cítricos, notas florais e minerais. Na boca, seco com acidez persistente, o que garante um ótimo frescor. Bom preço para um Riesling dessa qualidade.

Preço: R$ 64
Onde: Wine Society (11) 2539.2920
Dica de Carlos Alberto Barbosa

sábado, julho 25, 2009

Vinho nacional começa a disputar o mercado de luxo

Miolo, uma das maiores vinícolas do país, está vendendo 3 mil garrafas, a R$180 cada, pela internet.

Depois de anos de investimentos em melhorias dos parreirais e das tecnologias de vinificação, os vinhos brasileiros de luxo, conhecidos como "superpremium", começam pouco a pouco a ganhar espaço nesse restrito e sofisticado segmento de mercado dominado pelos rótulos importados. Algumas pequenas vinícolas como a gaúcha Lídio Carraro, de Bento Gonçalves, e a catarinense Villa Francioni, de São Joaquim, já nasceram com o foco voltado para esse nicho, mas agora a tendência é reforçada por uma nova aposta da Miolo, uma das maiores empresas do setor no país.

Inspirada no modelo usado pelas vinícolas francesas, a Miolo começou a receber ontem as reservas pela internet para a primeira safra do Sesmarias, um tinto elaborado em 2008 com seis variedades cultivadas na região de Candiota, no sul do Rio Grande do Sul.

As 3 mil garrafas custam R$ 180 cada uma e serão entregues a partir de março de 2010, limitadas a uma caixa por cliente. Outras mil unidades serão vendidas na loja própria em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, no ano que vem, mas por cerca de R$ 250, disse o diretor técnico Adriano Miolo.

"Vinhos como esse são o resultado de 20 anos de trabalho das vinícolas nacionais", afirmou o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti. Segundo ele, os produtos superpremium saem por mais de R$ 60 no varejo e não passam de 3% da produção brasileira, mas estão avançando. Entre as vinícolas que atuam nessa faixa, com rótulos por até R$ 120, aparecem ainda empresas como as gaúchas Salton e Don Laurindo e a catarinense Quinta Santa Maria.

Na Miolo, as vendas no segmento, que até agora reunia onze marcas com preços até R$ 70 a R$ 80 na vinícola, cresceram dez vezes desde 2002, para 300 mil garrafas por ano, e já representam de 15% a 20% do faturamento, de R$ 70 milhões em 2008.

Ao mesmo tempo, o volume total comercializado triplicou e em 2008 a produção somou 7,5 milhões de litros de vinhos e espumantes em Candiota, Bento Gonçalves e Casa Nova (BA). "Embora sobre bases menores, é o segmento que mais cresce", afirmou Adriano.

Segundo o enólogo, o Sesmarias é parte de um investimento de R$ 40 milhões feito em Candiota desde 2001, incluindo a implantação dos parreirais e da unidade de vinificação.

Só na aquisição de barricas francesas de carvalho e de equipamentos como prensas manuais, além da separação de áreas de cultivo destinadas ao novo produto, a empresa gastou cerca de R$ 1,5 milhão.

Conforme Miolo, o novo vinho é produzido desde a fermentação das uvas dentro das barricas, onde depois repousa por 18 meses até o envase.

Os parreirais destinados à elaboração do Sesmarias têm produtividade de quatro toneladas por hectare, metade da média dos demais vinhedos da empresa, para garantir maior qualidade e concentração de elementos como cor e aroma.

A Miolo já preparou a safra de 2009, que será colocada no mercado em 2011 também com vendas pela internet e na loja própria. "Nossa ideia é que, assim como os franceses, o vinho adquira valor de mercado com o tempo", afirmou o diretor. Por enquanto, as vendas ficarão restritas ao mercado interno.

Com 40 hectares de vinhedos em Bento Gonçalves e Encruzilhada do Sul, no sul do Estado, a Lídio Carraro produz apenas vinhos premium (vendidos a partir de R$ 25 na vinícola) e superpremium desde que chegou ao mercado há cinco anos e meio, explicou a diretora de relações internacionais Patrícia Carraro. Os produtos de ponta chegam a custar, como no caso de um tannat 2005 e um nebbiolo 2006, perto de R$ 190 no varejo próprio ou na loja virtual na internet e a produção dos nove a dez rótulos que compõem o segmento oscila em torno de 50 mil garrafas por ano.

A empresa também produz seus melhores vinhos a partir de parreirais com produtividade abaixo de quatro toneladas por hectare, mas trabalha apenas com tanques de aço inoxidável para evitar interferência da madeira no sabor e não faz qualquer tipo de correção enológica, como taninos e acidez, explicou Patrícia. Segundo ela, a propaganda "boca a boca" é uma das principais indutoras de vendas da empresa, que desde o ano passado começou ainda a exportar para a Europa e América do Norte. Hoje o mercado externo absorve 7% das vendas e até o fim do ano deve chegar a 10%, explicou a executiva.

A Villa Francioni estreou no mercado no fim de 2005 com o lançamento de dois brancos e um rosé e hoje tem como produto de ponta um corte tinto de uvas cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e malbec cultivadas em 50 hectares de vinhedos próprios, informou a presidente do conselho da empresa, Daniela Borges de Freitas. O produto é vendido por R$ 120 na loja virtual da vinícola, que também está preparando o lançamento de um sangiovese com cabernet sauvignon na faixa de R$ 200. "É um projeto de apenas 2 mil garrafas e a venda será limitada", revelou.

Conforme o presidente da Uvibra, a venda de vinhos finos gaúchos, que representam mais de 90% da produção brasileira, aumentou 1,1% nos cinco primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2008, para 5,5 milhões de litros, enquanto os importados tiveram alta de 0,8%, para 15,2 milhões de litros. A Miolo cresceu 5,5% no semestre e espera para o acumulado do ano uma expansão de pelo menos 10% sobre as vendas físicas e o faturamento de 2008, segundo o diretor técnico.
Sérgio Bueno, de Porto Alegre - 24/07/2009

domingo, julho 19, 2009

The Wine Opus - O Livro de 1 Milhão de Dólares

A Kraken Opus é uma editora inglesa especializada em livros de altíssimo luxo. Dentre os títulos já editados, encontram-se obras sobre a Fórmula 1, Maradona, a estilista Vivienne Westwood, a equipe de futebol Arsenal e muitos outros. As edições são caprichadíssimas, luxuosas, pesadas e - claro! - caríssimas.

Só para se ter idéia, o livro sobre a Fórmula 1 custa 3.180 euros e o do Arsenal, o mais caro, é vendido por astronômicos 4.500 euros! Com certeza, são produtos apenas para os happy few.

Pois mesmo com esses exorbitantes parâmetros, a editora agora extrapolou e anunciou a publicação do The Wine Opus, um livro que está sendo oferecido em pré-venda, por nada mais, nada menos do que 1 milhão de dólares!

A preciosa obra terá 850 páginas, pesará 30 quilos e terá uma tiragem de apenas 100 cópias. Basicamente, será a relação das 100 melhores vinícolas do mundo, que serão escolhidas da seguinte forma:

um painel de especialistas fará a seleção das 300 candidatas a fazerem parte do livro;
essas 300 serão, então, submetidas a um grupo de 40 sommeliers que escolherá as 100 melhores do mundo;
e ainda haverá uma terceira etapa que irá decidir, dessas 100, quais as 10 melhores.

Os componentes dos painéis ainda não foram revelados, mas espera-se que, com todo o dinheiro envolvido, sejam convidados os mais destacados profissionais do mundo.

Com certeza, um livro apenas, por mais luxuoso que fosse, não seria suficiente para justificar o ciclópico preço. A cerejinha é que, além dele, cada comprador receberá um caixa de 6 vinhos de cada uma das 100 vinícolas escolhidas! Serão, portanto, 600 garrafas dos mais exclusivos vinhos. Mas, faça as contas: desconsiderando o livro, o preço médio de cada garrafa será 1.667 dólares. Imaginem só se der a louca no painel e eles incluirem um Malbec argentino entre os melhores? É de sentar e chorar!

Se você estiver interessado, corra, porque dos 100 exemplares em pré-venda, 25 já foram adquiridos! (dizem as más línguas que um dos compradores mora no Maranhão). E aqueles que não forem vendidos antecipadamente, serão leiloados após o lançamento, previsto para o terceiro trimestre de 2010.

Fonte:Oscar Daudt - Site Enoeventos

Douro vai produzir menos 13 500 pipas de vinho do Porto

O quantitativo de produção de vinho do Porto para a vindima de 2009 foi fixado em 110 mil pipas.

Serão menos 13 500 pipas relativamente ao ano passado. A decisão foi tomada, ontem, em reunião do Conselho Interprofissional da Região Demarcada do Douro. A Produção contesta, o Comércio aplaude.

O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, considera a redução da produção "inconcebível" e nota que já estava à espera que tal pudesse acontecer. O responsável desconfia que se venha a dar ainda um passo "mais prejudicial" para quem vive da vitivinicultura: "A redução dos preços". Daí que alerte os intervenientes no sector para a situação problemática dos viticultores que "já estão com a língua de fora e, de caminho, perfeitamente asfixiados!"

Manuel António Santos entende que este até seria um ano para se considerar a constituição de "uma reserva de vinho generoso no Douro, para colocar no mercado em momento mais adequado". Para a concretizar poderiam ser canalizados "alguns dos muitos dos milhões de euros que andam a ser espalhados por aí".

A directora executiva da Associação de Empresas de Vinho do Porto, Isabel Marrana, considera "adequado" o quantitativo fixado, pois vai "evitar que sobre vinho na vindima e permitir a manutenção dos preços". Um objectivo que vê como "essencial e estratégico" para o sector.

A redução era, de resto, esperada, tanto mais que, em 2008, a comercialização de vinho do Porto caiu 5,3% e, no primeiro semestre deste ano, a quebra foi de 3,7% sobre os números do ano anterior. "Não havia outra solução se não ter um benefício mais baixo", frisou Isabel Marrana.
Fonte: EDUARDO PINTO

domingo, julho 12, 2009

Crítico inglês elogia vinhos brasileiros

Jamie Goode, do site Wineanorak, aprova Merlot Grande Vindima da Lidio Carraro e sobretudo o RAR 2004 da Miolo
Em seu blog, o crítico inglês de vinhos Jamie Goode, que mantém o ótimo site Wineanorak e escreve para jornais e publicações impressas de seu país, fez num breve relato publicado no dia 22 de junho uma pequena – mas positiva – avaliação de dois vinhos nacionais: o RAR 2004, da Miolo, e o Merlot Grande Vindima 2004, da Lidio Carraro. Goode disse que o RAR, cuja imagem aparece no site, é um vinho de “classe mundial” e que o Grande Vindima é “bastante bom”. Goode afirmou que a indústria de vinhos no Brasil é séria, apesar de desconhecida no Reino Unido. E disse que vai ficar de olho nos vinhos daqui.

Veja o que o crítico britânico escreveu dos dois vinhos que selecionou (numa tradução livre de seus comentários):

RAR 2004: De uma das regiões mais frias do Brasil (Campos de Cima da Serra), a mais de 1000 metros de altitude. Refinado, nariz sofisticado mostrando frutas frescas, vermelhas e negras, com algum carvalho de classe. Maduro, mas com uma atraente ponta de mineralidade. O palato é bem focado em frutas negras com uma adorável estrutura apimentada. Surpreendentemente parecido com um Bordeaux, apesar de mais próximo do estilo de vinhos do Novo Mundo de clima frio. Realmente bem equilibrado e um esfoço sério. Nota 90/100

Merlot Grande Vindima 2004: Este vinho tem um nariz quente, apimentado, terroso que não é desagradável, mas com um estilo bem antigo. O palato tem alguma fruta madura, mas é fundamentalmente dominado por notas apimentadas quentes, junto com um sutil caráter medicinal/terroso. Seu final é bem seco. Um vinho atraente ainda que levemente rústico. Nota: 85/100
Marcos Pivetta/www.jornaldovinho.com.br
05/07/2008

quinta-feira, julho 09, 2009

João Portugal Ramos lança novo vinho branco

O enólogo e produtor João Portugal Ramos surpreende, mais uma vez, o mercado com o lançamento de um novo vinho branco com a sua marca mais antiga, Vila Santa.

Esta marca já se afirmou no mercado com vinhos tintos de excelência, tendo integrado recentemente as monocastas deste produtor. Junta-se agora o Vila Santa Branco para completar o portfólio.

Proeveniente das castas Antão Vaz, Arinto e Verdelho e fermentado em barrica, o Vila Santa Branco 2008 apresenta uma cor com ligeiros tons esverdeados, aroma a frutos exóticos, elegantes notas de especiarias, resultando um vinho com grande complexidade.

É um vinho fresco e elegante ideal para acompanhar todo o tipo de peixe, pastas e carnes brancas.

Os vinhos de João Portugal Ramos são encontrados no Brasil na Importadora Casa Flora.

terça-feira, julho 07, 2009

Miolo apresenta vinho de US$ 100

Projeto 100 chega ao fim com o lançamento do Sesmarias. Para o enólogo francês Michel Rolland, consultor do projeto, trata-se do “melhor vinho do Brasil”

Foram quase oito anos de decantação. Agora, a Miolo tira oficialmente de sua adega o vinho que custará US$ 100. O anúncio foi feito sábado na sede da vinícola, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS), em evento que teve a presença do renomado enólogo francês Michel Rolland. O especialista deu suporte técnico à produção do novo varietal, intitulado Sesmarias. Trata-se de um vinho feito a partir do corte de diferentes variedades de uvas viníferas, concebido no projeto Fortaleza do Seival, na Campanha Gaúcha. A bebida será a mais cara da Miolo, caracterizando-se como um novo ícone da empresa. Até agora, o vinho mais caro feito pela vinícola era o Lote 43, cujo preço está na casa dos R$ 80.

Cercado de mistério durante todo este tempo, o Sesmarias guarda ainda alguns segredos, como o nome das uvas usadas e sua proporcionalidade. Sabe-se, por exemplo, que a Miolo escolheu seis das 14 variedades que planta em Candiota para conceber o vinho fino. Entre aquelas produzidas na propriedade estão a Touriga Nacional, Petit Verdot, Tempranillo e Cabernet Sauvignon. No entanto, isso não quer dizer que a composição do Sesmarias será sempre a mesma. É possível, ainda, que seja inserida uma sétima variedade no corte já na próxima safra.

O preço, nada modesto para os padrões brasileiros, se justifica pelo modo de produção, que é rico em detalhes - como, por exemplo, o cuidado para colher apenas cachos com menos de um quilo de uva. Assim como o seleto processo, o número de garrafas será limitado a apenas 4044 unidades - o equivalente a um pouco mais de 3 mil litros. Para os próximos lotes, o objetivo é não ultrapassar cinco mil garrafas. Apenas uma vez a Miolo havia feito tão poucas garrafas de um vinho. Foi em 1992, quando lançou seu primeiro produto, o Merlot Reserva. A venda do Sesmarias começará a ser feita em agosto pelo site da empresa. Quem comprar terá que esperar, já que a entrega será feita somente em março do ano que vem. Deste modo, a Miolo inova até mesmo no processo de comercialização. Será a primeira vinícola brasileira a adotar o modelo francês de venda de vinhos conhecido como "Vente de Vins en Primeur" - denominação que significa a reserva dos produtos antes mesmo de chegarem ao mercado.

"Será um grande vinho e arrisco a dizer que será o melhor já feito no Brasil", orgulha-se o enólogo Michel Rolland. Segundo ele, o Sesmarias será reconhecido como um divisor de águas para a vitivinicultura brasileira. Também pudera: o sonho da família Miolo é consequência de grandes investimentos. A vinícola guarda a sete chaves o custo do "Projeto 100", que deu origem ao Sesmarias - que, para Rolland, atingirá seu auge dentro de cinco a dez anos.

Sabe-se que de 2001, quando foram plantadas as primeiras videiras em Candiota, até este ano, já foram investidos aproximadamente R$ 40 milhões. Cerca de R$ 20 milhões tiveram como destino a área de viticultura. O empreendimento da Miolo faz parte de um plano para encorpar a empresa até 2012, transformando-a em uma multinacional do vinho. Para entrar no rol dos grandes players, a Miolo pretende aumentar sua área plantada de 600 para mil hectares. "Nosso objetivo é ter escala para competir globalmente", afirmou Adriano Miolo, diretor técnico da vinícola. No ano passado, a companhia faturou R$ 71,5 milhões. O objetivo, em 2009, é superar a marca em 20%, superando os R$ 85 milhões.
Por: Marcos Graciani / Redação de AMANHÃ

segunda-feira, junho 29, 2009

Nova Zelândia - 3 vinhos da Importadora Premium recomendados entre os Top Ten da revista Decanter

A conceituada revista inglesa Decanter, uma das mais importantes formadoras de opinião do mundo, incluiu em suas recomendações um painel de 10 vinhos da Nova Zelândia, 3 deles distribuídos pela Premium Wines no Brasil.
Os produtores selecionados são destaques premiados entre as vinícolas neo-zelandezas por sua qualidade.
Os vinhos recomendados foram selecionados pelo degustador Mark O`Halleron:

Ata Rangi, Celebre, Martinborough 2007
“Produzido por um dos melhores produtores do país, este corte de Cabernet, Merlot e Syrah é fluido e texturado. Ainda é jovem, mas se mostra muito bem com um núcleo intenso de passas, moldura herbácea e taninos macios. Aveludado, sedoso e muito, muito sedutor.”

Pegasus Bay Pinot Noir, Waipara 2007
“Exótico e muito macio, com nítidas frutas vermelhas redondas e especiadas do princípio ao fim. Um conjunto rico e profundo que marcará muitos apreciadores com seus encorpados e suculentos sabores.”

Neudorf, Tom`s Block, Pinot Noir, Nelson 2007
“Puro e vívido, com cerejas crocantes, em níveis quase penetrantes, no sedoso palato. Aumentam o interesse os traços picantes que atravessam o palato médio, e esse Pinot, apesar de jovem, se mostra muito bom. ”

Mais informações no site da Premium Wines

sexta-feira, junho 19, 2009

Quem não bebe não treme

Publicado por Mauricio Tagliari no blog www.maisumgole.worldpress.com

Há um tipo de leitor que não espero por aqui: o abstêmio. Falar de bebida para um abstêmio é como pregar para um ateu. Perda de tempo para quem escreve e para quem lê. Abstêmios e ateus são inconversíveis. Falo pois sei. Sou ateu. Mas, graças a deus, os abstêmios são minoria.

A bebida alcoólica existe desde que o homem teve competência para produzi-la. É parte da cultura da grande maioria dos povos. E assim como as pessoas que bebem se dividem em uma gama de moderados a exagerados, culturalmente os povos parece também se dividirem de maneira parecida. Povos beberrões, como russos e escoceses, e povos mais moderados, como franceses e italianos, são estereótipos bem conhecidos. Assim como também há bebedores de destilados e de fermentados. E todas as subdivisões possíveis. Bebedores de cerveja ou de vinho. De cachaça ou de vodca, etc.

Lendo jornal esta semana pensei o quanto a maneira como uma pessoa bebe influi em sua vida. Não falo das ressacas e faltas ao trabalho ou da lei seca que parece ter sido meio esquecida por motoristas, bares e autoridades. Falo de uma declaração de Caetano Veloso em entrevista sobre o lançamento de seu mais recente CD, zii e zie.

Eu sei, coisas de velho: jornal e CD. Mas prossigamos. Instado a falar sobre drogas, Caetano disse: "Sempre odiei a cocaína. E apenas tolerei o uso de drogas por outras pessoas, mesmo o álcool. Por mim mesmo, só o álcool. Mas nunca me habituei a beber todos os dias. Vinho me faz mal já na primeira taça. E odeio champanhe. Já gostei de vodca e de saquê. Gosto de cerveja, mas só bebo na terça-feira de carnaval".

Tiro daí dois pensamentos.

O primeiro é que, dado o depoimento, podemos concluir que Caetano é um bebedor moderabilíssimo. Diferente de seu colega, Chico Buarque, citado por ele na mesma entrevista. Este passou os melhores anos de sua carreira pública de cantor e compositor em meio a muita bebida. Na melhor escola Vinicius de Moraes.

E como isso teria afetado a obra dos dois insignes músicos? De minha parte gosto dos dois. Já ouvi, toquei e cantei muito de ambos.

Empiricamente, tenho pra mim que a obra de Caetano é mais apolínea e a de Chico Buarque, mais dionisíaca. Caetano se diverte com as palavras num jogo de relações mais racionais. Típica de alguém sóbrio. Mesmo quando parece discursar automaticamente atrás do som puro (panaméricas de áfricas utópicas...), está sempre em busca de um sentido lógico (...túmulo do samba mas possível novo quilombo de zumbi).

Já Chico, nos seus melhores momentos, sinaliza para uma busca menos experimental, porém mais comprometida apenas com a emoção de seus personagens, sejam eles prostitutas, malandros ou a mãe do pivete morto.

Mesmo como observador mais ou menos isento, ele descreve a partir de algo da empatia de quem, seguindo o conselho de Humphrey Bogart, já tomou a terceira dose para suportar o mundo. Quando cantarolo algo do Caetano me sinto inteligente. Quando canto algo do Chico me sinto mais com os pés no chão. Claro que falo em linhas gerais. Há exceções para os dois lados.

Mas e o segundo pensamento? Bem, que vinho seria esse que faz mal já na primeira taça ao poeta baiano? Que champanhes teria ele tomado para odiar a bebida tanto assim? E em quais situações teria ele apreciado vodca e saquê? Para ajudá-lo, tenho a dizer que, se o efeito do vinho for dor de cabeça, a solução é fugir dos vinhos que alertam para o fato de conter anidrido sulfuroso.
Há provas de que algumas pessoas alérgicas podem ter este sintoma ao ingerir vinhos que usem este conservante. Mas hoje, com a onda de vinhos de cultivo biodinâmico, ele poderia degustar mais de uma taça de tintos e brancos deliciosos. Como o branco alsaciano Deiss Alsace 2006 (Domaine Marcel Deiss).

Um vinho cultivado sem intervenções químicas e que representa muito bem o terroir de onde vem, por módicos R$69,64 (www.mistral.com.br), por exemplo. Ou então o tinto Château Le Puy 2001 (www.worldwine.com.br), um corte de Merlot 85%, cabernet sauvignon 14% e carmenére 1%, que é verdadeiro ícone dos vinhos orgânicos em Bordeaux, pelo valor um pouco mais salgado de R$ 179.

Tenho certeza de que, bebendo com moderação, nenhum dos dois deixará ninguém com dor de cabeça.

E agora me pergunto. Teria Caetano se contido menos? Teria sido menos épico e mais lírico? Teria ele cantado "eu bebo, sim", como Elizeth Cardoso, se tivesse conhecido vinhos como esses antes?

Por sorte, Caetano, ainda há tempo de descobrir.

Mauricio Tagliari é compositor e produtor musical. Sócio da ybmusic, escreve sobre música e bebidas no blog www.maisumgole.wordpress.com e sobre música no http://ybmusica.blogspot.com. É co-autor do Dicionário do Vinho Tagliari e Campos.

José Maria da Fonseca lança vinho sem álcool

Inovação no mercado português

A José Maria da Fonseca (JMF) lança amanhã o Lancers Rose Free, o primeiro vinho sem álcool a ser comercializado em Portugal, segundo a companhia vinícola que tem sede em Azeitão.

O produto que agora chega ao mercado nacional já foi testado noutros países, especialmente os nórdicos, e a escolha do Lancers, um dos produtos de "combate" da JMF, foi decidida porque é um vinho que, "pelas suas características, mais facilmente se adapta à tecnologia de desalcoolização, enquadra-se num público-alvo diversificado, visando ao mesmo tempo conquistar consumidores que não são apreciadores de bebidas alcoólicas", justifica a companhia.

O Lancers Rose Free, sustenta a José Maria da Fonseca, é um vinho que "pode beber-se à vontade, sem receios secundários e com menos calorias."

Apesar de ter instalações industriais e extensas vinhas na península de Setúbal, a JMF foi fundada, há 175 anos, por um empreendedor da região do Dão: José Maria da Fonseca. É a mais antiga produtora de vinhos de mesa e Moscatel de Setúbal, mantendo-se até hoje na posse dos seus descendentes.
Por José Manuel Rocha

quinta-feira, junho 18, 2009

Amarone della Valpolicella – O grande vinho tinto do Veneto

Proveniente da região do Veneto, nordeste da Itália, tem como cidades de referência, Veneza (a leste), Verona (a oeste), Rovido (ao sul) e Belluno (ao norte). Começou a ganhar fama há menos de duas décadas. Praticamente não existia antes da 2a Grande Guerra.

Antigamente chamado de Reciotto della Valpolicella Amarone, hoje mais conhecido somente como Amarone, é um dos mais encorpados, alcoólicos e extraordinários vinhos da Itália. O Recioto della Valpolicella (sem o nome Amarone) ou, simplesmente, Recioto, é um vinho tinto doce com menor teor alcoólico (12 a 13%), feito do mesmo modo do Amarone, mas a fermentação não se completa, permanecendo açúcar residual (por volta de 30 g de açúcar por litro). Existe também uma versão espumante pouco conhecida, o Recioto della Valpolicella Spumante.

É produzido de forma muito peculiar. O nome recioto vem de recie que no dialeto da região significa orelha (orecchie) que é a parte de cima da uva, mais rica em açúcar. Amarone vem de amaro, amargo, e significa muito amargo ou amargo muito bom. O processo do incomum Amarone se inicia logo após a colheita nos vinhedos das colinas de Valpolicella , os melhores cachos são colhidos e as uvas são colocadas para secar em esteiras dentro de locais bem ventilados durante cerca de três meses. As uvas sofrem desidratação e concentram a glicose e algumas sofrem a ação do fungo Botrytis cinérea, como as uvas de Sauternes. A fermentação alcoólica dura cerca de quarenta dias e é seguida da fermentação secundária, a malolática, que "amacia" o vinho.

O Amarone possui grande estrutura e concentração de aromas, podendo atingir facilmente 15% de álcool. Em boas safras exibe uma variedade de sabores que lembram geléias, doce de ameixa, uva passa, pétalas de rosas e especiarias. Podem ser apreciados jovens ou depois de muitos anos. Além da força e vigor, oferecem também riqueza e sedosidade, sendo capaz de complementar uma variedade de pratos, principalmente caça, como também massas e a maioria dos queijos, especialmente Gorgonzola, Roquefort e Parmigiano-Regiano.

O Amarone também é único porque não existe nenhum igual no mundo. Suas uvas, Corvina, Rondiinella e Molinara são variedades nativas e nunca foram transplantadas para outros lugares, ao contrário das principais cepas francesas.
As palavras classico e superiore também podem ser encontradas nos rótulos de Amarone. Classico refere-se à zona original de produção para o Valpolicella, que é considerada a melhor área de vinhedos da região e Superiore é uma palavra que se aplica a vinhos com teor de álcool natural superior a 12%.

Hoje existem diferentes estilos de Amarone, refletindo técnicas mais modernas de alguns produtores versus métodos tradicionais de outros. De qualquer maneira, independente do estilo, o Amarone é certamente sem igual e exótico. Já ganhou seu merecido lugar entre os mais nobres vinhos tintos da Itália.


Disponíveis no mercado brasileiro, gosto muito dos seguintes: Amarone Clássico Acinatico 2004 – Stefano Accordini (Zahil Importadora), Costasera Amarone della Valpolicella Clássico 2003 – Masi - (Mistral Importadora); Amarone della Valpolicella Clássico 2004 – Allegrini e Amarone della Valpolicella Campo Dei Gigli 2003 – Tenuta Sant’Antonio - (Grand Cru Importadora); Amarone della Valpolicella Riserva Del Fondatore 2005 – Montresor (Expand Importadora); Amarone della Valpolicella Clássico I Castei 2003 – Michele Castellani (Decanter Importadora. Não disponíveis atualmente no mercado brasileiro, mas considerados por muitos os melhores amarones temos: Amarone della Valpolicella 1999 – Dal Forno Romano; Amarone della Valpolicella 1995 – Giuseppe Quintarelli e Amarone della Valpolicella Capitel Monti Olmi 1999 – Tedeschi.

terça-feira, junho 02, 2009

Consumo de vinho continua em queda na França

Os franceses estão consumindo menos vinho. Como se não bastasse isso, as exportações também estão diminuindo.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura da França, os adultos daquele país consumiram, em média, 43 litros de vinho em 2008, 4 a menos que em 2007. O consumo caiu em todos as camadas sociais, com mais ênfase na classe média.

Entre agosto e março, o declínio das exportações foi de 8,4% em volume e de 14,6 em valores, na comparação com os números do mesmo período um ano antes.

Fonte: Decanter - Postado por Guilherme Lopes Mair

quinta-feira, maio 07, 2009

Indústria corticeira: A "Nanocork" dá novo sabor ao vinho

Com o objectivo de melhorar o vinho e retardar o processo de evolução, foi criada uma nova rolha, a "Nanocork".

Abrandar o processo de evolução do vinho de uma forma menos agressiva do que as tampas de rosca. Esta é a característica que distingue a "Nanocork" das restantes rolhas tradicionais. Desenvolvida pela empresa Álvaro Coelho e Irmãos SA, a nova rolha conjuga a base de cortiça com um revestimento em fibra.

"Esta nova rolha não deixa evoluir o vinho porque não cede oxigénio nenhum ao vinho e não tem aromas reduzidos. É a grande vantagem. É uma rolha que não existia na área da cortiça porque a rolha de cortiça natural dá sempre alguma evolução ao vinho", explica Leal Ferreira, director técnico da empresa ligada à indústria corticeira.

Uma indústria que resiste à crise

A produção de cortiça é uma das actividades com maior relevância em Portugal e corresponde a um dos mais importantes produtos de exportação nacional. O próprio Ministro da Economia, Manuel Pinho, admite que hoje "a indústria corticeira não tem nada a ver com o que era há cinco ou dez anos". Para Leal Ferreira, o factor que ajuda a indústria a "fugir" à crise é "o facto da cortiça ser um produto que se utiliza em todo o mundo, todos os países fazem vinho e, portanto, é um mercado muito vasto", explica. O objectivo é evitar os problemas adjacentes às cápsulas metálicas, cada vez mais utilizadas no mercado. Para Leal Ferreira, "as tampas metálicas vieram ocupar um lugar para o qual a rolha não estava muito preparada" e, uma vez que "tem havido um aumento muito grande do consumo dessas cápsulas, estão a aparecer muitos problemas e a cortiça não tinha uma resposta de um produto". Até agora. "Este produto foi desenvolvido para, dentro de um preço competitivo, pode manter o vinho e melhorá-lo", justifica o director técnico.

Numa indústria vinícola "muito tradicional", Leal Ferreira acredita que, "para se colocar no mercado um produto destes, é preciso experimentá-lo". Por isso, só à medida que os clientes forem experimentando as garrafas com as novas rolhas, é que se "vai provar" se este é um produto de sucesso.

Antes da divulgação, a "Nanocork" passou por uma fase de testes, que decorreu ao longo de dois anos. "Decidimos fazer um ensaio destas rolhas juntamente com as rolhas naturais sem qualquer película redutora e também com as rolhas sintéticas e roscas metálicas. Os testes começaram em Maio de 2007. Até agora os resultados desta rolha são manifestamente superiores", revela Leal Ferreira.

Do ponto de vista químico, os estudos mostraram que a "Nanocork" é muito semelhante à rolha natural. Contudo, o vinho fica menos evoluído, os aromas mantêm-se frescos e sem aromas reduzidos. O estudo vai estar disponível no site da "Nanocork".

sábado, maio 02, 2009

Sete mil lutam pelas denominações de origem

Petição junta EUA e Europa na protecção do nome local dos vinhos

Os EUA, que a Europa tanto criticou por usurpar nomes locais dos vinhos, como o do Porto, estão agora unidos aos europeus na defesa das denominações de origem, através de uma petição já com sete mil assinaturas.

Está disponível na Internet uma petição destinada a proteger o local e origem do vinho, para evitar o uso indevido das denominações associadas a um espaço geográfico em vinhos que nada têm a ver as origens exibidas nos rótulos (www.protectplace.com).

Doze regiões - seis europeias (uma portuguesa), cinco norte-americanas e uma australiana - uniram-se e desafiam a população em geral a subscrever e a defender as originalidades locais dos seus vinhos. A ambição é chegar às 10 mil assinaturas.

No caso de Portugal, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) aliou-se à campanha, tal como fez a região francesa de Champagne, a espanhola de Jerez ou a italiana de Chianti.

Novidade são as regiões norte-americanas, como a de Napa Valley, que "começa a sentir os efeitos de utilizações abusivas do seu nome geográfico", explicou ao JN Luciano Vilhena Pereira, presidente do IVDP.

Um "California Port" ou um "California Champagne" arrepia qualquer europeu, mas é um recurso legal nos EUA, apesar de induzir em erro o consumidor, "levando-o a comprar um produto que não é original, contribuindo para a sua confusão e degradação, ou diluição da imagem de marca colectiva em causa", explica Vilhena Pereira.

Com a actual petição, os seus promotores querem que os consumidores norte-americanos tenham acesso a uma informação fidedigna nos rótulos dos seus vinhos e sensibilizá-los para a "veracidade" dos nomes que estão nos rótulo, bem como alertar o legislador americano para o problema, até que os nomes dos vinhos europeus sejam, um dia, usados apenas em vinhos provenientes das respectivas regiões europeias.

O conceito de denominação de origem é europeu e demorou três séculos a ser construído. Em Portugal, há 29 denominações. Vinho do Porto, por exemplo, só o é aquele que é produzido na Região Demarcada do Douro e que tenha as características determinadas pelo IVDP, atestadas com um selo de garantia.

sexta-feira, abril 17, 2009

Dez anos da famosa safra brasileira de 1999

Há exatos dez anos, os viticultores da Serra Gaúcha tinham uma safra histórica. Choveu menos do que o usual no período crítico de maturação das parreiras, entre dezembro e março, e a vindima de 1999 foi realmente boa, sobretudo para as uvas finas de amadurecimento precoce (Chardonnay, Gewurztraminer e Pinot Noir) e tardio (Cabernet Sauvignon e Moscato Branco). Para as variedades de maturação intermediária, como Merlot e Riesling Itálico, colhidas entre a segunda quinzena de janeiro e meados de fevereiro, o tempo não se manteve tão quente e ensolarado, e o resultado foi menos exuberante, embora não tenha sido ruim. Conforme resumiu num comunicado técnico o pesquisador Francisco Mandelli, da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves (RS), "de um modo geral, o fenômeno La Niña, que causou prejuízos a outras culturas no Rio Grande do Sul, favoreceu a qualidade e a sanidade da uva da safra de 1999". Em todo o estado, foram colhidas quase 59 mil toneladas de uvas viníferas, cerca de 20% a mais do que no ano anterior.

Mas não foi apenas devido a fatores meteorológicos favoráveis que essa colheita pode ser apontada hoje como um divisor de águas, um marco, na história do vinho brasileiro. Afinal, do ponto de vista estritamente climatológico, a vindima de 1991 foi até superior à de 1999. Só que no final da década passada o cenário interno reunia uma série de condições mais animadoras do que oito anos antes: surgia ou começava a se firmar no mercado uma nova geração de produtores nacionais comprometida com a busca da qualidade, dotados de modernas instalações para elaborar vinhos e sobretudo dispostos a investir num melhor manejo dos vinhedos; a (amalucada) abertura das importações, promovida pelo governo Fernando Collor de Mello no início dos anos 1990, fez o consumidor se interessar por vinhos em geral, inclusive o nacional, que teve de melhorar em razão da concorrência estrangeira; os meios de comunicação e formadores de opinião começaram a valorizar os fermentados de uva em suas reportagens e discussões.

Ou seja, havia um novo contexto cultural e econômico que deu à boa safra de 1999 uma visibilidade provavelmente sem precedentes, tirando da sombra o movimento até então silencioso de renovação e modernização que a vitivinicultura nacional vinha ensaiando já há alguns anos. "Desde os anos 1970, temos relatos de algumas boas safras na região, mas que não se tornaram tão conhecidas porque não havia toda essa badalação", comenta o pesquisador Celito Guerra, também da Embrapa Uva e Vinho. Para o enólogo Luís Henrique Zanini, da Vallontano, vinícola do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, que elaborou os primeiros vinhos da empresa apenas na safra seguinte (no ano 2000), os tintos da colheita 1999 foram os primeiros rótulos nacionais a realmente vencer a desconfiança das pessoas com os produtos elaborados no Brasil. "Além disso, nessa época os próprios enólogos, que no início dos anos 1990 deram muita ênfase a aspectos técnicos da profissão e na aquisição de tecnologia para as vinícolas, passaram a trabalhar com mais cuidado a uva nos vinhedos", afirma Zanini.

A história recente de algumas vinícolas bem-sucedidas da Serra Gaúcha ilustra algumas das mudanças ocorridas no setor desde a famosa safra de 1999, como publicarei a seguir.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição de abril de 2009 da revista Bon Vivant e em 19/04/2009 no jornaldovinho.

quarta-feira, março 11, 2009

Miolo estima elevar volume de exportações em 150% em 2009

A Miolo Wine Group pretende elevar as suas exportações em 150% em 2009, intensificando sua presença nos 18 países nos quais já vende vinhos, tais como Estados Unidos, Holanda e Alemanha, e buscando novos mercados. No ano passado, as vendas internacionais da empresa somaram 686 mil litros, 95% superiores às de 2007.

Uma das estratégias para a busca de novos clientes é a participação em feiras internacionais. Após ingressar no mercado japonês em 2008, a partir da sua participação na Foodex – feira do setor alimentação e hotelaria - com sua linha Reserva, a Miolo Wine Group marca presença na edição do evento deste ano que acontece de 3 a 6 de março em Chiba, no Japão, em parceria com a Apex. Trata-se de um País que registra nos últimos seis anos crescimento médio de 7,8% em suas importações de vinhos. No ano passado, o Japão adquiriu de outros países cerca de 1 milhão de litros da bebida, o equivalente a US$ 1,2 bilhão, informa o diretor de relações internacionais da Miolo Wine Group, Carlos Eduardo Nogueira.

Em fevereiro, a empresa participou do Taste of Brazil, evento promovido pela Apex em Dubai, que trouxe a perspectiva de intensificar a presença da Miolo naquele mercado a partir de cadeias internacionais de hotelaria. Apesar de os muçulmanos não fazerem uso de bebidas alcoólicas, permitem que hotéis e restaurantes sirvam produtos como vinhos aos turistas de negócios e lazer. O diretor de relações internacionais da empresa, Carlos Eduardo Nogueira, aproveitou a viagem para fazer reuniões com representantes de cadeias como Hitz Carlton, The Palace e Madinat Jumerah. “Houve grande interesse de introduzir nossos vinhos nas cartas”, garante. Hoje, a Miolo está presente em Dubai no Hotel Lê Meridien, considerado o dono da melhor carta de vinhos da região.

Perfil Miolo Wine Group - O Miolo Wine Group foi criado em 2006 para reunir uma linha de mais de 70 produtos elaborados a partir de parcerias nacionais e internacionais. Tem por objetivo atuar no mercado mundial com uma variedade de vinhos de qualidade que atenda a todos os segmentos. O grupo possui hoje oito projetos: Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos, RS), Fortaleza do Seival Vineyards (Campanha, RS), RAR (Campos de Cima da Serra, RS), Lovara Vinhos Finos (Serra Gaúcha, RS), Fazenda Ouro Verde (Vale do São Francisco, BA), Viasul (Chile), Osborne (Espanha e Portugal) e Los Nevados (Argentina).
Portal Fator - 10/03/2009

terça-feira, março 10, 2009

Os 10 melhores de Portugal

O Essência do Vinho - Porto 2009 e a revista WINE - A Essência do Vinho revelaram, no final do evento, realizado entre 5 e 8 de Março, no Porto, e que reuniu cerca de 2.500 vinhos de 300 produtores nacionais e estrangeiros, os vencedores do “Top 10 dos Vinhos Portugueses”.

Na sequência da prova realizada por cerca de meia centena de especialistas em vinhos e gastronomia de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Irlanda, Canadá e Nova Zelândia, estivarem sob escrutínio vinhos brancos de 2007, vinhos tintos e vinhos do Porto de 2006.

O júri internacional considerou o Soalheiro Alvarinho 2007, produzido na região dos Vinhos Verdes por António Esteves Ferreira, o “Melhor Vinho Branco” português.

Já o Scala Coeli 2006, produzido no Alentejo pela Fundação Eugénio de Almeida, foi distinguido como o “Melhor Vinho Tinto” português.

Nos vinhos do Porto, o Quinta do Vesúvio Vintage, da Symington Family States, arrebatou o primeiro lugar.

Nos “Wine and Olive Oil Design Awards” - concurso internacional para premiar a imagem em produtos e linhas de produtos de vinhos e azeites - o vinho Tourónio tinto 2005, produzido no Douro pela Quinta de Tourais, foi o vencedor da “Imagem de Produto em Vinho”.

Os “ODE Port Wine”, vinhos do Porto da Wine Cluster, ganharam a “Imagem de Linhas de Produtos em Vinho”.

Na categoria de azeites, o “Mafyl Fine Food”, da Portugal Farm, venceu a “Imagem de Produto em Azeite”, enquanto o “Virgin Territory”, da sul-africana Noble Hill Wine Estate, ganhou a “Imagem de Linhas de Produtos em Azeite”.

Fonte: Hipersuper

sexta-feira, março 06, 2009

Miolo produzirá seu primeiro vinho branco super premium

As condições climáticas favoráveis aliadas aos investimentos da vinícola brasileira Miolo levaram a empresa a projetar para 2009 uma safra com qualidade semelhante à de 2008, quando foram produzidos vinhos super premium, elaborados somente em safras excepcionais. Este ano, a empresa promete produzir seu primeiro vinho enquadrado nesta categoria, com denominação de origem do Vale dos Vinhedos (RS): o Cuvée Giuseppe Chardonnay DO.

“A Chardonnay é a uva que melhor expressa o terroir da região para vinhos brancos. Esse vinho será 100% fermentado em barricas novas de carvalho francesas por seis meses”, diz Adriano Miolo, enólogo e diretor-técnico da Miolo Wine Group.

terça-feira, março 03, 2009

Taylor`s na primeira posição do ranking de `Robert Parker`

O conceituado crítico Robert Parker elegeu a Taylor`s como a melhor marca de vinhos do mundo, atribuindo 97,8 pontos aos cinco últimos Vintages daquela empresa produtora de Vinho do Porto, que já conta com 300 anos de história.

A Taylor`s anunciou hoje que a classificação se inscreve na "Top 100 Fine Wine Power List", publicada pela revista Britânica "The Drinks Business", na edição de Dezembro de 2008, e é calculada com base nas pontuações ditadas por Robert Parker, nos últimos cinco anos de declaração de Vintage.

Segundo a empresa, entre os consagrados vinhos de Bordéus, Borgonha, Champanhe e Portos, sujeitos à apreciação de Parker, a Taylor`s notabiliza-se ao arrecadar a pontuação média mais alta.

A "Fine Wine Power List" é uma classificação que ordena as melhores marcas de vinho do mundo consoante o peso e importância que detêm no mercado.

Este ano, e pela primeira vez, a lista engloba os Vintages de Champanhe e de Vinho do Porto.

Nesta lista cada vinho é classificado com base em cinco critérios: o volume de negócios gerado, a pontuação média atribuída por Robert Parker, o preço médio, a performance do preço registada durante um ano e a produção ponderada (preço multiplicado pela média da produção).

O crítico avaliou os Vintage da Taylor`s correspondentes às colheitas de 2003 (98 pontos), 2000 (98), 1997 (96), 1994 (97) e 1992 (100).

O vintage de 1992 custa 266 euros.

Para Adrian Bridge, director-geral da Taylor`s, "obter uma média de 97,8 pontos é um feito por si só e deverá constituir um motivo de orgulho, não só para a Taylor`s, como para o sector do Vinho do Porto e para Portugal".

Neste ranking, e com uma pontuação média superior a 95 pontos, apenas se inclui mais uma casa de Vinho do Porto - a Fonseca Guimaraens - que ocupa o nono lugar.

À semelhança da Taylor`s, a casa Fonseca é igualmente propriedade do grupo "The Fladgate Partnership".

"Esta classificação não somente evidencia a consistência da qualidade dos vinhos que produzimos, como revela igualmente o garante destes vinhos com um investimento seguro", salientou Adrian Bridge.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

A Revista de Vinhos já tem uma versão online

A Revista de Vinhos já tem uma versão online disponível em www.revistadevinhos.iol.pt. O site tem como objectivo ser a extensão online da mais antiga e prestigiada publicação portuguesa, líder destacada no mercado das revistas sobre vinhos e gastronomia, que este ano comemora 20 de existência.

Orientado pelos mesmos princípios de rigor, isenção e independência que são reconhecidos à “Revista de Vinhos” pelo público e profissionais do sector, o site é uma aposta inovadora dirigida aos consumidores, com o objectivo de orientá-los nas suas escolhas e ajudá-los na sua degustação.

Entre as principais novidades destacam-se os milhares de vinhos provados, comentados e classificados, que vão estar disponíveis numa base de dados de fácil consulta, que permite aceder há distância de um click à opinião da RV sobre cada vinho encontrado no supermercado, garrafeira ou restaurante.

O site vai ainda ser dinamizado com notícias diárias do mundo dos vinhos e gastronomia. A interactividade será também uma imagem de marca do site da RV que terá um fórum de opinião. Neste espaço será possível a troca de opiniões e informações entre os consumidores, produtores, agentes do mercado, críticos e jornalistas. A criação e a produção do site está sob a responsabilidade da IOL e os conteúdos serão feitos pela redacção da Revista de Vinhos.

Para o Director da Revista de Vinhos, Luís Ramos Lopes, “a Revista de Vinhos é, fundamentalmente, uma revista para os consumidores e apreciadores de vinho de qualidade. O site agora inaugurado permite-nos estar ainda mais próximo dos nossos leitores e responder de forma mais imediata às suas necessidades.”

“O site funciona como uma fonte de informação directa e actualizada sobre o mundo do vinho e complementa a informação bastante mais aprofundada que é oferecida pela edição em papel da Revista de Vinhos. Por outro lado, irá funcionar como uma ferramenta indispensável à promoção e divulgação dos nossos eventos, como o Encontro com o Vinho, Gosto de Lisboa e outras iniciativas”, referiu ainda Luís Ramos Lopes sobre as potencialidades do site da RV.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Câmara Cascudo vira rótulo de vinho português.

No dia em que completaria 110 anos, Luís da Câmara Cascudo recebeu um presente digno de sua história e contribuição à cultura brasileira. Na noite da última terça-feira, 30 de dezembro, o folclorista foi homenageado ao dar nome a uma edição limitada de vinhos portugueses da Quinta do Portal. O vinho Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 foi lançado no Olimpo Recepções numa noite repleta de homenagens à cultura potiguar.
''Não poderia estar mais feliz nesta noite, cercada de amigos. Meu pai recebeu belas homenagens neste ano e esta, em particular, é muito especial. Esse vinho é como Câmara Cascudo: encorpado e feliz'', resume a acadêmica Ana Maria Cascudo Barreto, filha do homenageado.
Responsável pela escolha do vinho que recebeu o nome de Câmara Cascudo, o professor do curso de medicina e amante do vinho, Elmano Marques, afirmou que o Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 terá apenas 2.000 garrafas a serem comercializadas. Ele contou ainda com se deu o processo de escolha da safra. ''Foi com grande honra e alegria que recebi o convite por parte de Shirley (Bilro) para participar desta escolha. Ela me confidenciou que havia feito contato com a Quinta do Portal para que se fizesse uma degustação e escolha do vinho que receberia o rótulo de Câmara Cascudo. Na minha ida a Portugal, fiz uma degustação vertical para escolher o Grande Reserva 2001'', explicou Marques.
Sobre o vinho escolhido, o enólogo afirma que este tem as características das cartas do Douro, produzidos pela Quinta do Portal. ''Em razão disso, ele apresenta características muitos próprias. São vinhos encorpados, frutados e que harmonizam muito bem a fruta e a madeira. São vinhos que vêm para marcar em definitivo sua presença. O Câmara Cascudo Grande Reserva é sem sombra de dúvidas uma justa homenagem para quem é um maior historiador e folclorista do Brasil'', completa.
A idéia de fazer a homenagem a Câmara Cascudo em um rótulo de um vinho de qualidade surgiu da empresária Shirley Bilro, da Garrafeira Lusa. ''É um sonho realizado. Falar de Câmara Cascudo é falar de cultura. E eu não poderia buscar um outro vinho que não fosse do Douro, que é uma terra plena de história e sofrimento, onde o povo português aprendeu a fazer, de pedras, o líquido precioso que nós sovemos nossos grandes momentos. Fazer um produto a altura de Câmara Cascudo é uma grande responsabilidade. Este é um trabalho muito carinhoso'', disse a empresária.

Bebida é envelhecida por 14 meses

O Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 foi envelhecido durante 14 meses em barricas novas de carvalho francês (50%) e russo (50%). De um rubi profundo e intenso, pode-se encontrar no nariz frutos vermelhos bem maduros, maçã assada e ameixa preta.
A caricatura ilustrada no rótulo traz uma história singular. Albano Neves de Souza, escritor e artista plástico angolano, ao enviar cartas da África ao amigo Cascudo, nunca escrevia o endereço do destinatário, mas desenhava apenas caricatura e o nome ''Câmara Cascudo, Brasil''. Com isso, a carta sempre chegava ao endereço correto: Avenida Junqueiras Aires, 377, Natal RN - Brasil, residência do folclorista. ''Quando vi a caricatura numa carta e soube da história, não tinha como escolher outra ilustração'', ressalta Shirley Bilro.
O vinho Câmara Cascudo é o primeiro rótulo do projeto ''Vinho e Cultura Literária'' da Garrafeira Lusa, que ainda vai homenagear outras personalidades da cultura brasileira. A garrafa do Câmara Cascudo Grande Reserva 2001 é enumerada e custa R$ 140.
A Quinta do Portal é uma casa portuguesa, familiar e independente que abraçou o conceito de ''Boutique Winery'', dedicando-se à produção de vinhos DOC Douro, Vinhos do Porto de categorias especiais e Moscatel.

(Diário de Natal, 02.01.2009)

Branco que te quero Branco

Acabo de chegar da França, onde passei uma semana com amigos em uma bela casa na pequena cidade de Riquewihr, pitoresca vila com muralhas, ruas de pedras e adegas antigas, no coração da Alsácia. Foram sete dias imersos nos vinhos brancos. Nada de chardonnay ou sauvignon blanc, apenas brancos de uvas locais, cada um com seu estilo próprio e único. Uma viagem para os sentidos.

A região vinícola da Alsácia situa-se no nordeste da França, a oeste das Montanhas de Vosges e ao leste do rio Reno, na divisa com a Alemanha. A região foi palco de constantes disputas territoriais entre França e Alemanha, tendo mudado de nacionalidade por cinco vezes até o fim da segunda guerra mundial, quando definitivamente passou a ser francesa. Até hoje sentimos a forte predominância da cultura e da arquitetura germânicas.

A Rota dos Vinhos começa na cidade de Thann, ao sul, e percorre 170km até a cidade de Wissembourg, ao norte: é um caminho coberto por belíssimas paisagens de vinhedos e por pequenas cidades, com casinhas que parecem de boneca, com flores coloridas nas janelas.

Tradicionalmente, a Alsácia produz vinhos brancos ( 85%), espumantes (10%) e tintos e rosés (5%), mas são os brancos os seus grandes protagonistas, considerados por muitos entre os melhores vinhos brancos do mundo. Ao contrário da maioria das demais regiões da França, a Alsácia rotula seus vinhos com o nome da uva, como no Novo Mundo, e usa a tradicional garrafa comprida “flûte” exigida por lei.

São cultivadas nove variedades viníferas na região, cada uma produzindo um vinho varietal específico e único, mostrando as características dos terrenos desta região. As quatro principais são: Riesling (23% da área cultivada), vinhos encorpados com aromas sutis de frutos e flores e notas minerais, um dos meus preferidos; Pinot Blanc (21%), vinhos com frutado discreto e médio corpo; Gewürztraminer (16%), vinho mais célebre da Alsácia, de reflexos dourados, muito aromático, lembrando frutos, flores e especiarias e Pinot Gris (12 % da área cultivada), vinho dourado, de aromas complexos e finos, às vezes com notas defumadas. Encorpado e longevo. As demais são: Silvaner, vinho leve e refrescante, com aromas frutados agradáveis e discretos; Pinot Noir, única uva tinta da Alsácia, dá origem a vinhos tintos leves e rosés. Também é utilizada na elaboração dos espumantes. Muscat, vinho seco de frutado característico; Auxerrois e Chasselas, muito usadas na mistura com a Pinot Blanc, fornece aromas frutados e cítricos e acidez.

Todos os vinhos da Alsácia se beneficiam de uma das três “AOCs” – Appelation d”Origine Controlées- podendo ser: AOC ALSACE – menciona no rótulo o nome da uva e a sua procedência. Quando essa menção não figurar, isto significa que o vinho é proveniente de uma mistura de uvas e pode se chamar “Edelzqwicker”. Existe um vinho chamado “Gentil”, que é de uma antiga tradição na Alsácia que mistura as cinco uvas mais nobres da região. É elaborado por poucos produtores; Já a AOC ALSACE GRAND CRU está reservada a quatro uvas: Gewürztraminer, Riesling, Pinot Gris e Muscat e menciona obrigatoriamente o nome de um dos cinqüenta lugares classificados como “Grand Crus”. O AOC CRÉMANT D’ALSACE (vinhos espumantes), obtidos pelo método tradicional, podendo ser brancos ou rosés. São de ótima qualidade e preços convidativos.

Quando o vinho é feito com uvas muito maduras, colhidas tardiamente, são denominados “Vendange Tardive”, são normalmente mais doces e possuem uma grande concentração. E quando estas uvas supermaduras são atingidas pelo fungo “Botrytis Cinera”, o vinho produzido é denominado “Sélection de Grains Nobles”, vinho doce raro e de excepcional qualidade, parceiro ideal para o “foie gras”.

Os principais produtores da Alsácia estão hoje representados no Brasil, dentre vários vinhos, de preços variados, gosto muito dos seguintes: Hugel Riesling 2007 e Hugel Gewurztraminer Selection de Grains Nobles 1988 – Hugel & Fils ( World Wine Importadora), Tokay Pinot Gris Reserve 2004, Riesling Schoenenbourg de Riquewihr Grand Cru 2003 e Crémant d’Alsace Chardonnay Brut 2004 - Dopff au Moulin, Riesling Altenberg de Bergheim Grand Cru 1999 - Domaine Marcel Deiss ( Mistral Importadora), Riesling Grand Cru Schlossberg 2004 – Domaine Paul Blanck ( Decanter Importadora), Gewurztraminer Wintzenhein 2005 - Domaine Zind-Humbretch (Expand Importadora), Riesling 2005 – André Kientzler (Grand Cru Importadora).

Sua genética pode determinar os vinhos que você prefere

Sua estrutura genética pode determinar os vinhos que você gosta de degustar e "cheirar". Algumas pessoas possuem uma genética que lhes permitem gostar de todos tipos de vinho. Esses "sortudos" são chamados de "superdegustadores".

Nos últimos anos, um grande número de tradicionais analistas da indústria vinifera, muitos deles da Inglaterra, tem assinalado aquilo que acreditam ser uma grande falácia no esquema rígido de analisar um vinho através de sua pontuação numérica. A crítica deles é que um pequeno número de avaliadores americanos parecem ser "encantados" por um estilo de vinho que os críticos veem como esteticamente contrário ao que eles entendem que deva ser um "grand vin".

Clive Coates, conhecido autor francês sobre vinhos, recentemente desdenhou dos críticos americanos que gostavam particularmente de um controvertido vinho tinto de Bordeaux dizendo que: "qualquer um que goste daquele vinho, deve fazer um transplante de cérebro". É como se os britânicos vissem os americanos como geneticamente diferentes no que se refere à degustação de vinhos tal como ela é concebida (pelos europeus).
Fonte: Meu Vinho

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Decantar ou não decantar ? eis a questão

Em sua edição de dezembro de 1997, a revista inglesa Decanter publicou o resultado de um teste que visava esclarecer uma das maiores dúvidas do consumidor de vinho: qual é a melhor maneira de servir um Bordeaux? Ele deve ser decantado? Em caso positivo, quanto tempo antes de servir? Ou seria suficiente apenas retirar a rolha e deixá-lo respirar na própria garrafa?

Para tentar responder a essas perguntas foram convocados seis craques em degustação: os jornalistas e escritores Hugh Johnson e Steven Spurrier; a responsável pelo setor de vinhos da Sotheby’s, Serena Sutcliffe; Patrick Léon, diretor da casa Baron Philippe de Rothschild S/A, que forneceu os vinhos; e os sommeliers Nick Tarayun e Gérard Basset (este francês naturalizado inglês foi o segundo colocado no Concurso Mundial, realizado no Rio de Janeiro, em 1992).

Quatro vinhos – que relacionamos abaixo – foram servidos em seis diferentes situações cada um:

1. decantado imediatamente antes de servir
2. decantado duas horas antes
3. decantado cinco horas antes
4. aberto e servido imediatamente
5. deixado a respirar na garrafa por duas horas
6. deixado a respirar na garrafa por cinco horas

Cada vinho foi servido às cegas: o degustador sabia o nome do vinho, mas não em qual das seis situações estava sendo apresentado.
Por falta de espaço, não podemos apresentar todos os comentários dos participantes, mas houve muito mais divergências do que concordâncias. De qualquer forma, o veredicto final – que serve para orientar (será?) o leitor, foi o seguinte:

Château Mouton-Cadet 1990 – melhor resultado: abrir a garrafa duas horas antes de servir, mas não decantar. Evitar: decantar e servir imediatamente. Foi a unanimidade do painel;
Château d’Armaillhac 1989 – melhor servido imediatamente, sem decantar. Pior resultado: decantado duas ou cinco horas antes;
Château Clerc-Milon 1982 – melhor abrir e servir imediatamente, sem decantar ou mesmo respirar;
Château Mouton-Rothschild 1961 – melhor resultado: decantado duas horas antes de servir. Menos apreciado quando decantado e servido imediatamente.

Algumas conclusões do grupo, analisadas todas as circunstâncias: os vinhos decantados e servidos em seguida foram os que se saíram menos bem; o que foi aberto e servido imediatamente, sem decantar, foi o que se saiu melhor; quase não houve vantagens em abrir a garrafa cinco horas antes de servir. Pareceu claro também que, os melhores e mais importantes vinhos respondem melhor ao procedimento mais tradicional: decantar duas horas antes de servir. Mas como regra geral, no caso desta prova, o melhor resultado foi abrir e servir imediatamente, sem decantar.

No total, o resultado foi desconcertante para todos os degustadores, o que só veio confirmar que a questão é altamente controvertida. A tal ponto que, terminada a degustação, o experiente Hugh Johnson declarou: “Fui reprovado.” Serena Sutcliffe nâo ficou atrás: “Foi uma loucura!" E a editora da revista, Sarah Kemp”, brincou: “Se não fosse pelo Mouton-Rothschild 61, teríamos que mudar o nome da revista: de “Decanter” para “Sirva Agora”!

Fonte: Célio Alzer

quinta-feira, janeiro 29, 2009

As filhas da Magdeleine Noire des Charentes

Uva tinta desconhecida recém-descoberta na França é a mãe da Merlot e da Malbec.
Magdeleine Noire des Charentes. Guardem o nome dessa uva tinta recém-batizada, que soa mais como a alcunha de uma heroína gaulesa. Pesquisadores franceses da Montpellier SupAgro dizem que essa desconhecida e quase extinta cepa, sobre a qual não havia qualquer referência na literatura científica, é a mãe de duas uvas tintas muito conhecidas: da popularíssima Merlot, uma das variedades mais importantes de Bordeaux e de tantas regiões vinícolas mundo afora (inclusive da Serra Gaúcha); e da Malbec, cepa também proveniente da França, onde é chamada de Cot, que mais recentemente se tornou a uva símbolo da Argentina.

Os cientistas descobriram que o DNA da Merlot, principal foco de seu trabalho, herdou da obscura Magdeleine Noires des Charentes 58 regiões genéticas, 55 em seu núcleo e 3 no cloroplasto, organela que é usina de energia das plantas. Desde o final da década de 1990, análises genéticas sugerem que a Merlot é fruto de um cruzamento espontâneo da tinta Cabernet Franc (que seria seu "pai") e de uma uva não identificada, provavelmente desaparecida. Segundo a equipe da Montpellier SupAgro, que publicou em 22 de dezembro passado um estudo com os achados na edição online da revista científica Australian Journal of Grape and Wine Research, a Magdeleine Noire des Charentes é essa cepa misteriosa que forneceu parte do material genético da Merlot. Já a Malbec, sempre de acordo com o trabalho dos pesquisadores, é resultante do cruzamento da Magdeleine e da Prunelard, cepa tinta da região de Gaillac, no sul da França.

As primeiras videiras da Magdeleine foram encontradas em 1996 perto da cidade de Saint-Malo, na região da Bretanha, noroeste da Franca, onde a vinha era cultivada no fim da Idade Média. As plantas estavam num local abandonado que ocupava as encostas de um morro, onde hoje não há mais vinhedos. Posteriormente, mais exemplares da obscura variedade foram localizados em quatro áreas na região de Charentes, centro-oeste da França. Ali a uva, de madurez precoce, era chamada pelos produtores de Raisin de la Madeleine ou Madeleina. "Considerando tanto o nome usado pelos produtores e a literatura, nomeamos a uva de Magdeleine Noire des Charentes", escreveu o pesquisador francês Jean-Michel Boursiquot, especialista no estudo das variedades de uvas, no artigo científico. A famosa cientista Carole Meredith, da Universidade da Califórnia em Davis, hoje oficialmente aposentada, também é uma das autoras do trabalho.

Os pesquisadores acreditam que a determinação da origem genética da Merlot, uva que dá vinhos frequentemente descritos como macios e redondos, explica suas principais características. Da Cabernet Franc, herdou a textura pouco agressiva de seus componentes fenólicos, sobretudo os taninos e as antocianinas. Da Magdeleine, recebeu como legado a madurez precoce e a produtividade.

Se o trabalho dos cientistas estiver correto, a Merlot exibe parentesco com uma série de uvas, algumas extramemente conhecidas. Já se sabia há tempos que ela é meia-irmã da Cabernet Sauvignon (fruto do cruzamento natural da Cabernet Franc e da Sauvingon Blanc). Agora os franceses determinaram que a Merlot também é meia-irmã, por parte de mãe, da Malbec e, por parte de pai, da Carmenère, uva de origem francesa hoje praticamente só encontrada no Chile. A Carmenère, que durante muito tempo foi confundida com a Merlot nos vinhedos desse país sul-americano, é resultado da cruza natural da Gros Cabernet (também chamada de Trousseau) e do Cabernet Franc.

"Esses resultados jogam luz sobre a origem da Merlot e das relações entre vários cultivares do sudoeste da França", afirmou Boursiquot. "Nossa descoberta do papel genético central de um cultivar anteriormente desconhecido (Magdeleine Noire des Charentes) na origem de algumas variedades significativas reforça a importância de um grande trabalho de exploração, antes que seja muito tarde, para descobrir genótipos originais que ainda não foram coletados ou referenciados."

*Esta matéria foi originalmente publicada na edição de janeiro de 2009 do jornal Bon Vivant